A juventude termina aos 35 – foi isso que concluiu uma pesquisa qualquer feita pela Universidade de Kent.
Depois disso, segundo a pesquisa, você passa a pertencer a um grupinho de pouco glamour, chamado “meia-idade.”
A meia-idade é uma fase curiosa, um troço meio nem lá e nem cá. É tipo a adolescência da vida adulta: se o adolescente é o meio do caminho entre a criança e o adulto, a meia-idade é o meio do caminho entre embalos de sábado à noite e dores na lombar.
A meia-idade costumava começar lá pelos 40, não sei que raios aconteceu que eles baixaram os limites – vai ver foi porque os trintões começaram a criar planta, dar nome pra planta, pedir mudinha de planta – e se isso não for crachá garantido pra meia-idade, eu não sei mais o que é.
Outra característica deste seleto grupo é não trocar sua casa por lugar ne-nhum do mundo. Pode reparar: a pessoa nessa faixa de idade, quando volta de viagem, entra em casa, respira fundo e diz “ai, nada como a nossa casinha.” Daí toma um banho, passa um creme com retinol e veste uma roupa confortável. Porque nessa idade, a gente quer é CONFORTO, nada de salto agulha, roupa justa, música alta, sorriso forçado.
Quer ver outro clássico da meia-idade? Amar comprar “coisinhas pra casa.” Se aos 20 você se animava com namoradinhos e aos 30 se animava com as baladas, nada te anima mais aos 40 do que o Mercado Livre avisando que a sua AirFryer chegou.
Vez ou outra me perguntam se eu não tenho medo de envelhecer. Não tenho. Não porque eu seja espiritualmente evoluída, mas porque eu sei que a única maneira de não ficar velha é partir antes disso. Prefiro ficar.
Envelhecer leva embora o colágeno, mas deixa uma mulher muito mais interessante, mais inteira, menos preocupada com o que os outros vão pensar.
Envelhecer é valorizar uma boa noite de sono, um café em silêncio, é sonhar com uma viagem a Buenos Aires com as amigas (de meia-idade.)
É aprender a evitar tretas desnecessárias e se afastar de sanguessugas emocionais.
É ver os pais envelhecendo – e aprender, de uma vez por todas, que a festa tem dia e hora pra acabar.
É amar, comer, rezar. Celebrar: os anos, as rugas, os filhos crescendo.
Que sorte a nossa envelhecer.